Orquestra da Ulbra celebra a Tropicália em concertos no Farol Santander

Publicado em: 12/09/2023

Com canções de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Mutantes, concertos ocorrem nos dias 13 e 14 de setembro, às 20h, no Átrio do Farol Santander. Participação do professor Flávio Azevedo, apresentando e fazendo um apanhado histórico da época

 

Nos dias 13 e 14 de setembro, a Orquestra de Câmara da Ulbra volta a se apresentar no Átrio do Farol Santander (Rua Sete de Setembro, 1028), em Porto Alegre. Desta vez, o programa faz uma homenagem à Tropicália – movimento cultural brasileiro que surgiu no final da década de 1960, com manifestações nas artes, música, cinema, teatro e literatura.

 

Sob regência de Tiago Flores, a Orquestra apresentará canções de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Mutantes, interpretadas pelos cantores Alex Alano e Izmália. Haverá apresentação e contextualização histórica do professor e pesquisador da MPB Flávio Azevedo. Participação de Ricardo Arenhaldt na bateria.

 

Além destas, o repertório contempla obras de outros três compositores: Aaron Copland (Hoe Down), Edvard Grieg (Peer Gynt) e Peter Warlock (Capriol Suite).

 

Os ingressos de acesso ao Farol Santander custam R$ 17 (inteira), R$ 15,30 (clientes Santander) e R$ 8,50 (meia entrada) e podem ser adquiridos antecipadamente pela plataforma Sympla ou na hora, diretamente na bilheteria (sujeitos à disponibilidade).

 

ORQUESTRA DE CÂMARA DA ULBRA NO FAROL SANTANDER

Data: Quarta e Quinta (13 e 14/9) 

Horário: 20h

Local: Átrio – Farol Santander Porto Alegre (Rua Sete de Setembro, 1028)

INGRESSOS: https://site.bileto.sympla.com.br/farolsantanderpoa/

 

PROGRAMA:  

Aaron Copland: Hoe Down

Edvard Grieg: “Peer Gynt” (Anitras Tanz, A Morte de Aase)

Peter Warlock: Capriol suite

Tropicália: Sete  canções de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Mutantes

Apresentação do professor Flávio Azevedo

Participação dos cantores: Alex Alano e Izmália

Bateria: Ricardo Arenhaldt

Regência: Tiago Flores

 

Esse projeto é financiado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura e conta com o patrocínio do Santander e Farol Santander. Realização do Ministério da Cultura – Governo Federal – Brasil – União e Reconstrução.

 

SOBRE AS OBRAS:

 

Aaron Copland: Hoe Down

Aaron Copland (1900 -1990) nasceu em uma família musical. A mãe era pianista, o irmão, violinista, e Copland teve suas primeiras lições musicais com sua irmã, também pianista. Ainda na adolescência, após assistir a um concerto do pianista e compositor polonês Paderewsky, decidiu que seria compositor. Foi para Paris, estudar composição com a famosa Nadia Boulanger, professora de vários grandes nomes da música do século XX.

Ao retornar para os Estados Unidos, iniciou sua carreira em Nova York. Nos anos 30, com a Grande Depressão, aderiu ao movimento iniciado na Alemanha da Gebrauchsmusik ou “música para usar”. Sentiu que era inapropriado compor apenas para uma plateia elitizada, e que sua música deveria ter um caráter mais popular e acessível ao grande público. É deste período o balé “Rodeo”, que juntamente com “Billy the Kid” e “Appalachian Spring”, tornaram-no um dos mais célebres músicos americanos em sua época.

“Rodeo” foi comissionado pelo Balé Russo de Monte Carlo,que estava exilado nos EUA devido à Segunda Guerra. Estreado em 1943, teve grande sucesso desde o início. “Hoe Down”, o último movimento da obra, é baseado em uma melodia folclórica britânica, “A retirada de Bonaparte”. 

Edvard Grieg: “Peer Gynt” (Anitras Tanz, A Morte de Aase)

Edvard Grieg (1843-1907), compositor e pianista norueguês, também nasceu em uma família musical. Sua mãe o iniciou ao piano aos seis anos de idade.  Estudou piano e composição no conservatório de Leipzig.  Como vários compositores de sua geração, aderiu ao movimento nacionalista na música, utilizando temas folclóricos noruegueses em suas composições.

A suíte “Peer Gynt” foi escrita como música incidental para a peça de teatro homônima de Henrik Ibsen. Peer Gynt é uma espécie de anti-herói, um poeta inútil e fanfarrão. Após raptar uma noiva durante a festa de casamento, é expulso de sua aldeia, e passa a vagar pelo mundo, indo até Marrocos, onde, após vários negócios escusos, acaba por ser enganado e perde todos seus bens. Já velho, retorna a sua terra natal, onde é confrontado com tudo que deixou de fazer em sua vida, reconhecendo, para seu desespero, que foi uma vida desperdiçada.

“A morte de Ase” foi escrita como um prelúdio para o 3º ato. Peer Gynt, banido de sua aldeia e vivendo nas montanhas, relembra a morte de Ase, sua mãe, antes de partir para o estrangeiro.

A “Dança de Anitra”, que acontece no 4º ato, descreve a filha de um chefe beduíno marroquino, Anitra, que seduz Peer Gynt e rouba seu dinheiro.

Peter Warlock: Capriol suite

Peter Warlock é o pseudônimo de Philip Heseltine (1894-1930), compositor, crítico e editor musical inglês. Ele usava o pseudônimo para assinar suas composições, e seu nome real para seu trabalho como crítico e editor musical. Warlock significa feiticeiro em inglês. Ele realmente nutria um certo fascínio pelo ocultismo, tendo estudado durante um período em Dublin livros de “magia negra”, além de ter participado de um grupo teosófico. 

Sua música tem influência de Frederick Delius (pelo qual Heseltine tinha grande admiração) e do estilo Elisabetano, do qual era profundo conhecedor. A suíte Capriol, uma de suas obras mais conhecidas, foi composta em 1926, originalmente para dois pianos. Mais tarde, o compositor fez versões para orquestra de cordas e sinfônica.  A obra é formada por 6 danças. Segundo o compositor, as melodias foram baseadas na “Orchésographie”, um manual de danças renascentistas escrito pelo clérigo francês Thoinot Arbeau em 1589.

Tropicália

O nome do movimento surgiu de uma obra de Hélio Oiticica que recebeu o título de Tropicália, montada em 1967 em uma exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Tempos depois, Caetano Veloso compôs uma música que recebeu o mesmo nome — outro marco para o movimento.

Em junho de 1968, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto, Capinam, Tom Zé, Nara Leão, Gal Costa, Os Mutantes e Rogério Duprat lançam o álbum Tropicália ou Panis et Circencis — uma espécie de manifesto musical do movimento. Sincrético e inovador, aberto e incorporador, o Tropicalismo misturou rock mais bossa nova, mais samba, mais rumba, mais bolero, mais baião, tudo misturado nos arranjos sinfônicos de Rogério Duprat, emulando o movimento antropofágico da Semana de Arte Moderna de 22.

Apesar dos recursos alegóricos e do grande impacto da Tropicália na música brasileira, após o acirramento da repressão da Ditadura Militar, com a promulgação do Ato Institucional nº 5 ainda em 1968, as perseguições políticas acentuaram-se no país e o clima de tensão aumentou. Em 22 de dezembro de 1969, Gilberto Gil e Caetano Veloso são presos e, posteriormente, exilados, após se apresentarem em uma boate do Rio de Janeiro ao lado de Os Mutantes.  O exílio desses dois principais representantes do movimento acabou marcando o fim de um momento da música brasileira e, consequentemente, da efervescência cultural da Tropicália.


Dona Flor Comunicação

Raphaela Donaduce Flores | jornalista 

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Orquestra da Ulbra