Lau Patrón lança 71 Leões, pela editora Belas Letras

Publicado em: 02/10/2018

Um relato intenso e sincero dos 71 dias em que autora morou no hospital junto com o filho João Vicente, diagnosticado com síndrome raríssima e autoimune. Uma história sobre afeto, dor e renascimento que chega às principais livrarias do país em novembro

Foto: Giselle Sauer

“Esse livro é a minha montanha-russa particular e um convite para as pessoas entrarem comigo nela. Um convite de autoconhecimento, de reflexão. E espero que possa tocar e auxiliar, de alguma forma, outras histórias.” Nas palavras da autora Lau Patrón, 71 Leões é mais do que um livro sobre sua experiência com a maternidade. “É um livro sobre dor e amor. Todos os sentimentos complexos e às vezes incoerentes que fazem parte dos nossos processos de transformação.”

Nascida em Porto Alegre, filhade pai uruguaio e mãe gaúcha, a publicitária Lau tinha 25 anos quando seu filho João Vicente – o leãozinho, como ela chama desde a gestação – então com um ano e oito meses de idade, foi diagnosticado com a Síndrome Hemolítica Urêmica atípica, chamada de SHUa, uma condição rara, genética, que causa falhas no sistema imunológico. Em meio a uma crise da doença, ele teve um AVC isquêmico que deixou sequelas motoras.

A jovem, que nunca havia almejado a maternidade, viu sua vida se transformar de maneira repentina. Em um dia ela acompanhava o filho correndo e brincando feliz no parque e, no outro, percebia os primeiros sinais da doença, que o levaria até quase a morte. Foi quando a vida virou do avesso. João recebeu um diagnóstico grave e um prognóstico desesperador, e Lau descobriu que o amor é o grande norteador de escolhas, e que força é o que fazemos a partir daquilo que dói.

Desde então, ela buscou possibilidades de tratamento, investiu em diversos tipos de terapia e hoje o menino já senta sozinho, desenha, voltou a movimentar as mãos e fica até de pé – resultados jamais esperados na época.Durante todo esse período, Lau mobilizou muitas pessoas, por meio de campanhas na internet. A página no Facebook “Avante Leãozinho”(facebook.com/avanteleaozinho)possui mais de 19 mil seguidores; e a autora já foi tema de diversas reportagens na imprensa nacional.

Em 71 Leões, lançado pela Editora Belas Letras, que chega às principais livrarias do país em novembro, a autora narra os 71 dias que viveu no hospital ao lado do filho; 50 deles na UTI. Em formato de diário, o livro intercala cartas da mãe para o filho, relatos autobiográficos da vida de Lau, com a sequência dos acontecimentos, dia após dia, que iniciaram no dia 14 de outubro de 2013, quando João foi internado, até o dia 23 de dezembro daquele ano, quando recebeu alta.

Com narrativa potente, a autora compartilha cada detalhe íntimo e profundo da complexidade daqueles dias, transportando o leitor às paredes frias do hospital e ao ambiente hostil que pode ser uma UTI.

Talvez o que faça os leitores se sentirem tão próximos dos acontecimentos seja o fato de que o livro tenha começado a ser produzido ali mesmo, durante aquele turbilhão de emoções. Lau gravou a própria experiência, fazendo relatos diários em áudio de tudo o que ia acontecendo. E foi a partir dessas gravações que nasceu o livro. A inspiração para essa narrativa veio a partir do filme Elena (2012), da atriz e cineasta brasileira Petra Costa.

“Eu vi o filme três meses antes do João entrar no hospital e fiquei muito impactada com a forma que a cineasta olhou para a dor dela, de maneira crua, quase com uma ternura por essa dor. Não havia enfeite ou drama. Era a dor como ela era”, conta.

Três meses depois, João Vicente foi internado. Com medo de perder o filho, Lau resolveu registrar aqueles momentos. “Eu pedi para o meu companheiro na época comprar um gravador pra mim e, lembrando das gravações do filme Elena, eu gravei todas as coisas que iam acontecendo Tinha medo de perder o João e todos aqueles últimos momentos”, relembra.

Com 71 Leões pronto, Lau entrou em contato com a cineasta, que aceitou o convite e escreveu a apresentação do livro. “O livro provoca espasmos. Espasmos de choro, riso, espasmos de reconhecimento. Daquilo que escondíamos de nós mesmos. Uma travessia da qual saímos do outro lado mais vivos. E mais alegres também. Hoje agradeço Elena por me levar à Lau. A me conectar com uma mulher que, com apenas 30 anos, carrega a potência de ser uma das grandes autoras do nosso tempo”, escreveu Petra.

A orelha do livro é assinada por Helen Ramos, a Hel Mother. “Ao ler 71 leões eu entendo que tem muito da Helen na Lau, muito de pessoas próximas dentro dela, minha mãe, minhas tias. Humanizei as deficiências e trouxe elas pro meu planeta. Desmistifiquei o estereótipo de guerreira, e entendi que atrás dessa palavra tem uma mulher cheia de desejos, complexidades, compartilhando com a gente um pedacinho dela. Pequeno, mas necessário”, escreve a Youtuber.

Foto: Giselle Sauer

Para Lau, a publicação de 71 Leões – cinco anos após a descoberta da doença do filho – marca a virada de um ciclo, representa um renascimento. “Escrever me levou de volta. É como se eu estivesse saindo do hospital mais uma vez, agora em definitivo. Eu revivi todos aqueles dias com um mergulho profundo. E agora vou sair para nunca voltar. 71 Leões é um grande aniversário do recomeço. Mais um da nossa nova vida.”

Para além de uma história de superação, termo que a autora rechaça, o livro também pretende desromantizar a mãe que sofre. “Eu não gosto de ser chamada de supermãe.  O livro é uma vontade de quebrar isso. Por isso eu trago partes feias, fatos questionáveis. As redes sociais têm aquela coisa de endeusar as pessoas e tornar bonitas as suas dores de uma forma desumana. Uma mãe nunca é só uma mãe. Uma mãe é uma mulher. É uma filha. Uma namorada, uma profissional. Tem muitas partes, e todas elas têm vontades e medo. Todas têm voz. Eu quero que seja uma história real. E que as pessoas se identifiquem justamente pela proximidade com ela. Eu sofri pra caramba. Mas não quero transformar isso em uma luta ou em algo bonito. Me orgulho da nossa felicidade, daquilo que fizemos a partir da dor, não daquilo que doeu”, explica.

“71 Leões são linhas que falam de dor e de amor – e eu ainda não conheci coisas mais universais que isso”, conclui.

Lau Patrón

Lau Patrón nasceu em Porto Alegre em 1988, meio uruguaia e meio brasileira. Trabalhou como produtora audiovisual e publicitária durante bons anos, antes de se tornar mãe do João Vicente. Faz três anos que criou a página Avante Leãozinho, onde divide suas reflexões sobre inclusão, além de acolher outras famílias. Vem desenvolvendo mais projetos nesse sentido, é uma palestrante TEDx, odeia a palavra “superação”, e acredita apenas na mudança que passa pelo afeto. Ela não é só uma publicitária, mãe ou mulher latino-americana feminista. Em seu microcosmo, Lau é um universo todo. E como tal, tem suas próprias leis: escrever é uma delas. Pelos cotovelos – histórias, poesias, crônicas que vem guardando na gaveta há anos. 71 Leões é seu primeiro livro.

71 Leões: Uma história sobre afeto, dor e renascimento

Laura Patrón

ISBN: 9788581744544

Família/Maternidade

Autoajuda/ Autobiografia

Número de páginas: 192

Formato: 15x21cm

Editora: Belas Letras

Preço de capa: 39,90

Peso (em Kg): 0,500

Sinopse

Em um domingo de sol, a publicitária Lau Patrón corria pelo parque tentando alcançar o seu filho João Vicente, um menininho alegre e destemido de um ano e meio, que ela sempre chamou de Leãozinho. No outro dia, assistia ele sofrer uma crise violenta e misteriosa. Um fio de vida escorrendo para longe do seu colo de mãe. E tudo virou do avesso. Diagnosticado com uma síndrome raríssima, João estava morrendo. Este livro é um diário intenso e sincero dos setenta e um dias que Lau morou no hospital, muitos ao lado de seu filho em coma em um box de UTI, esperando a vida ou a morte. Um relato comovente e poderoso onde Lau nos dá uma dimensão real das pessoas, das emoções fluidas, da não existência de heróis. Do amor, como fonte de escolhas. Do olhar para a dor, sem medo, e com alguma ternura. De não matar leões por dia e, sim, recebê-los com reverência. Um por dia, um a mais na matilha. Para avançar. Para ir avante.

 

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